quarta-feira, 1 de abril de 2015

Zangada

Estou zangada. Triste também, muito triste, mas a zanga, a fúria que sinto consegue ser infinitamente maior que a tristeza. Não porque a tristeza seja pequena, mas porque, neste momento, sinto a zanga mais urgente. Com quê? Com quem? Com tudo e com todos, mas principalmente comigo. Cada um que carregue as suas culpas, que eu vou carregar as minhas.
Sei que nada do que agora eu possa fazer vai mudar o que aconteceu, mas deixa-me furiosa o que todos nós te fizemos, mesmo que, aparentemente, pareças ser tu a responsável pelo abandono em que acabaste, Stephie.
Estou tão zangada comigo... Por não te ter procurado, por me ter encerrado no meu mundinho, por não ter sabido ler nas entrelinhas do que foste escrevendo no teu blog o inferno que estavas a viver... Merda para mim! Merda para o mundo inteiro! Merda também para o teu altruísmo, para a tua mania de poupares os outros a tudo e mais alguma coisa.
Que te custava ter fraquejado e dizer que estavas mal, que precisavas de apoio, de alguém que te ouvisse e entendesse esse inferno que vivias? Se isso me faria sentir melhor? Não tenhas a menor dúvida. A minha consciência estaria certamente muito menos pesada. Porque por mais desculpas que eu arranje para me convencer de que nada podia ter feito, a verdade é que eu devia ter percebido, devia ter adivinhado que ninguém vive sozinho por opção, tem de haver uma razão muito forte para se acabar assim. E tu tinhas várias razões. Algumas já as descobri, outras irão aparecendo à medida que te vá relendo e conhecendo através do pouco que ficou de ti.
E porque até na merda de família que te calhou não tiveste sorte, do pouco que lhes deixaste, depois de já lhes teres dado tudo, se quiseram desfazer em troca de uns míseros euros. Sorte a minha que assim consegui ficar com algumas coisas tuas. Coisas que para muitos nada valem, mas que para mim são preciosas. Porque eram tuas.
Merda, que merda de vida que nos faz cegos e nos impede de ver o que se passa com os outros. Ok, ok, adivinho-te a dizer, onde quer que estejas, que estou a exagerar, que as pessoas não são adivinhas, que foste tu que quiseste assim... Mas que merda de mania de quereres carregar o mundo sozinha, Stephie!
Nós não merecemos isso. Nós não TE merecemos. Minha irmã, tenho tantas saudades tuas...


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