segunda-feira, 27 de abril de 2015

Surdez voluntária


"Obstinadamente, recuso tantas vezes ouvir a voz da razão. Entre o que faço e o que devia fazer há uma distância tão grande. Sei todas as teorias. Porém, embrulho-me em justificações e mais justificações, tentando convencer-me que amanhã será diferente. Até ao dia em que não haverá amanhã."

Indiscrição   3

terça-feira, 21 de abril de 2015

Estado? Incerto.


"Carrego sobre os meus ombros o peso de mil incertezas, de mil indecisões. E, todavia, sei que não posso adiar o que tem de ser feito. 'É urgente o amor.' Mais urgente ainda é o que tem de ser feito por amor. Mesmo que a dor seja tão forte, ao ponto de quase me impedir de respirar.
Há momentos em que não sei o que dói mais: se amar-te assim desta maneira que me não deixa negar a evidência de te querer feliz, se saber que o serás sem mim, apesar do que dizes sentir. 
Tu não sonhas, não adivinhas a tempestade de sentimentos contraditórios que me assalta. Não sabes o quanto dói ter de dizer que te vás quando o que mais quero é que fiques. Não consegues ler nos meus silêncios o quanto gostaria de ser capaz de dizer. Às vezes, é um pouco como estarmos prisioneiros dentro de nós, saber que tudo à nossa volta está a desmoronar e nada conseguir fazer para o evitar. 
Eu disse-te: 'Voa. Sem mim.' E sei que o farás. E é tão contraditório querer que o faças e, ao mesmo tempo, não querer perder-te. Quem sabe se não te perdi há já muito, quando percebi que serias capaz de voar sem mim. Mesmo que repitas vezes sem conta que não queres voar sem mim. Um dia, cansar-te-ás de  o repetir. Porque, ainda que me custe admitir e que tu o negues, a tua vontade de voar é tão maior do que o teu amor por mim. Por isso o farás. Não comigo. Nem é relevante com quem o farás. Fá-lo-ás. 
Poderás até recorrer a argumentos praticamente irrefutáveis. Terás todas as razões para justificar que o faças. Nunca o contestarei. Afinal, não fui eu que te disse:'Voa. Sem mim.'? Porque não o farias?
Um dia, disse-te também: 'Sem ti, não quero.' E mesmo que a vida me permitisse voar (mas não permite), não quereria nunca voar sem ti.
Quem sabe, o céu onde voam as borboletas não é o mesmo onde voam as águias..."
Indiscrição 2



Diz-me...


Diz-me. Como conseguiste viver os teus dias, dizendo adeus ao que mais amavas? Como conseguiste fazer de conta que estavas bem, abdicando do que sonhavas? Como conseguiste dar asas para alguém voar, sabendo que isso te levaria a despenhares-te dos céus para onde o amor te tinha transportado?
Diz-me. Como te sentiste ao dizer um NÃO, quando o teu coração gritava um SIM? Como te sentiste quando conscientemente magoaste para poderes libertar quem amavas mais do que tudo no mundo?
Diz-me. Como foi possível viver essa dor, sem alguma vez a gritar, sem reclamar do que te estava reservado? Como foi possível viver tão só, ainda que no meio de tanta gente?
Diz-me.



sábado, 18 de abril de 2015

[falsa] humildade


Diz a sabedoria popular que humildade a mais cheira um pouco a vaidade. E, se tantas vezes a sabedoria popular se engana, nisto, porém, parece-me estar certa.
Há pessoas que enchem a boca com esta palavra e com outras da mesma família e a verdade é que, até nos gestos mais insignificantes, não procuram mais do que o protagonismo, do que motivos para serem elogiadas e admiradas e, com isso, encherem de orgulho o seu egozinho. 
Quem é realmente humilde não precisa de se colocar na ponta dos pés, não precisa de se mostrar para ser visto e elogiado e admirado. É discreto, chegando mesmo a esconder o bem que faz, porque se sente constrangido com os elogios. Quem é realmente humilde, não precisa de dizer que tudo o que faz é com humildade. Porque os seus atos, mais do que as suas palavras, mais do que toda a publicidade a tudo o que faz, revelam a sua humildade.
É certo que um elogio faz maravilhas e pode transformar uma pessoa. Contudo, enquanto a umas pessoas o elogio as faz querer ser e fazer mais e melhor, a outras não faz mais do que cultivar pequenas vaidades que alimentam um ego que não mede mais do que a cabeça de um alfinete e que não as deixa ver a sua pequenez.
Há, de facto, uma diferença tão sem medida entre SER grande e pôr-se em bicos de pés, usando como apoio a palavra "humildade", para PARECER que se é grande. Como dizem os brasileiros, quem nasce lagartixa nunca chega a jacaré.





quinta-feira, 16 de abril de 2015

Intenso


"Tenho-te. Em mim.
Não sei se como ferro em brasa
Que marca e dói.
Se como tatuagem indelével
Esboçada, com traços inseguros.
Tenho-te?
Sabes-me tua.
Ainda que os meus lábios calem o amor.
Quem dera tivesses em ti
Todas as certezas de quem sou.
Tenho-te?"

Indiscrição 1






Agora...


E antes? Mal amada.

Sometimes...


Outras, nem por isso. Porque ainda há quem morra de amor. Por amor.

Prioridades


- telemóvel novo
- máquina fotográfica melhor
- viagens de férias ao estrangeiro
- tipografia
- trapitos novos para o verão

Pois, tal como esperava, até para estas prioridades o dinheiro é curto e o salário ainda mais. Como podia sobrar para outras coisas, como, por exemplo...?
Hum... Como sou sensível às frases facebookianas e bloggerianas!!! 


terça-feira, 14 de abril de 2015

Revolta

Por mais que tente convencer-me que tenho de aceitar o que te aconteceu e que a vida continua, a verdade é que não consigo deixar de sentir uma revolta desmedida. Por saber que, para algumas pessoas, a vida continua como se nada se tivesse passado, como se tu não tivesses passado pela vida delas, como se tivesse sido em vão tudo aquilo de que abdicaste por elas. 
Revolta saber que até de ti abdicaste por elas. Para que fossem felizes. E são felizes. E se calhar até dizem que também tu agora estarás mais feliz, onde quer que estejas. Quero lá saber disso... Eu queria que estivesses feliz, mas aqui.
Assim se prova que, de facto, são os bons que partem mais cedo. A porcaria fica por cá, a conspurcar aquilo a que chamam vida. "Vidinhas" da treta... Bah!

segunda-feira, 13 de abril de 2015

? ? ?


É assim que ando. Sem querer fazer de tudo isto uma obsessão. Mas preciso de entender, de perceber que sinais deste antes de partir, que disseste e não fomos capazes de compreender.
Por isso tenho lido, relido e voltado a ler tudo o que foste escrevendo no teu blog sensivelmente de há um ano para cá. Porque nos poucos emails que trocámos, talvez por falarmos quase sempre só de mim (tu desviavas a conversa sempre que o assunto eras tu), nada fazia prever o que estavas a viver e a sentir.
E há dois post's que agora me parecem tão eloquentes, tão significativos: "Silêncios" e "Evidências". Mas só agora. E agora já nada pode ser mudado.
Distraídos que somos, não soubemos ler nas entrelinhas do que escreveste. Egoístas que somos, não soubemos procurar uma forma delicada de te levar a falar de ti, escondendo-nos por detrás de um conveniente "respeito" pela tua privacidade. Se tu encontraste essa forma delicada para te aproximares de nós sem que nos sentíssemos desrespeitados na nossa privacidade, se soubeste a maneira de te confiarmos o que nos ia na alma sem que te sentíssemos intrusiva, por que não fomos nós capazes de fazer com que sentisses em nós alguém com quem poderias falar de ti?
Faltou-nos a capacidade para te cativar, daquela maneira que a raposa descreve ao principezinho de Saint-Exupéry, porque só assim conseguirias abrir o teu coração sem te sentires exposta, fragilizada e insegura.


Da eternidade


Porque a memória pode ter falhas, mas o coração, esse guarda sempre o que é significativo e precioso.

domingo, 12 de abril de 2015

Indiscrições

Tocar as tuas coisas, os livros que leste, os cadernos onde escreveste tem qualquer coisa de indiscrição, de profano.
Mas há não sei o quê de irresistível, de atração que me faz querer saber mais de ti, de quem eras, do que sentiste, do que pensaste...
Quem sabe assim eu possa entender-te melhor e, dessa maneira, entender o porquê de tudo o que aconteceu.
Até quando vou resistir à sedução da indiscrição?

domingo, 5 de abril de 2015

Vítimas e coitadinhas

Não fosse o que há de trágico em tudo o que aconteceu, rir-me-ia da quantidade de vitimas e coitadinhas que agora aparecem, ainda que camufladamente, a queixar-se de como eras e do que fizeste.
Nunca disseste que eras santa nem nunca te mostraste como tal. Lembro-me de assumires tudo o que de menos bom fizeste na tua vida e da tua preocupação no sentido de não repetires erros do passado.
Se as decisões que tomaste foram as melhores? Quem somos nós para o dizer? Foram certamente as que achaste mais corretas, mesmo que na maior parte das vezes fosses tu quem mais perdia com elas.
Se podia ter sido diferente? Se podíamos ter feito alguma coisa para mudar o rumo dos acontecimentos? São muitos os SES que ficam no ar, mas acredito que sim. Acredito que todos os que estávamos ligados a ti, mais perto ou mais longe, podíamos ter feito alguma coisa para evitar que tudo terminasse assim . Podíamos ter-te contrariado, podíamos ter insistido, podíamos ter feito sei lá o quê... E, no entanto, nada fizemos, comodamente aceitámos o que decidiste e descansadamente continuámos as nossas vidinhas.
Todos falhámos, inclusivamente tu. Mas todos nós mais do que tu.

sábado, 4 de abril de 2015

Sem paciência

Eis como me sinto em relação a infantilidades e gente inconsciente e pseudopreocupada.
Conclusão do dia: até o desinteresse é interesseiro.
Ai, Stephie, como gostava que não soubesses de nada...

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Insónia


Foi-se-me o sono... Por que não vão também os pensamentos, as dúvidas, as ausências? Como disseste uma vez, bem-aventurados os pobres de espírito, porque não têm consciência de nada. 

Zangada

Estou zangada. Triste também, muito triste, mas a zanga, a fúria que sinto consegue ser infinitamente maior que a tristeza. Não porque a tristeza seja pequena, mas porque, neste momento, sinto a zanga mais urgente. Com quê? Com quem? Com tudo e com todos, mas principalmente comigo. Cada um que carregue as suas culpas, que eu vou carregar as minhas.
Sei que nada do que agora eu possa fazer vai mudar o que aconteceu, mas deixa-me furiosa o que todos nós te fizemos, mesmo que, aparentemente, pareças ser tu a responsável pelo abandono em que acabaste, Stephie.
Estou tão zangada comigo... Por não te ter procurado, por me ter encerrado no meu mundinho, por não ter sabido ler nas entrelinhas do que foste escrevendo no teu blog o inferno que estavas a viver... Merda para mim! Merda para o mundo inteiro! Merda também para o teu altruísmo, para a tua mania de poupares os outros a tudo e mais alguma coisa.
Que te custava ter fraquejado e dizer que estavas mal, que precisavas de apoio, de alguém que te ouvisse e entendesse esse inferno que vivias? Se isso me faria sentir melhor? Não tenhas a menor dúvida. A minha consciência estaria certamente muito menos pesada. Porque por mais desculpas que eu arranje para me convencer de que nada podia ter feito, a verdade é que eu devia ter percebido, devia ter adivinhado que ninguém vive sozinho por opção, tem de haver uma razão muito forte para se acabar assim. E tu tinhas várias razões. Algumas já as descobri, outras irão aparecendo à medida que te vá relendo e conhecendo através do pouco que ficou de ti.
E porque até na merda de família que te calhou não tiveste sorte, do pouco que lhes deixaste, depois de já lhes teres dado tudo, se quiseram desfazer em troca de uns míseros euros. Sorte a minha que assim consegui ficar com algumas coisas tuas. Coisas que para muitos nada valem, mas que para mim são preciosas. Porque eram tuas.
Merda, que merda de vida que nos faz cegos e nos impede de ver o que se passa com os outros. Ok, ok, adivinho-te a dizer, onde quer que estejas, que estou a exagerar, que as pessoas não são adivinhas, que foste tu que quiseste assim... Mas que merda de mania de quereres carregar o mundo sozinha, Stephie!
Nós não merecemos isso. Nós não TE merecemos. Minha irmã, tenho tantas saudades tuas...


terça-feira, 31 de março de 2015

Datas

08-02-1986 : O mundo teve a sorte de te acolher.
15-03-2015: Talvez tu não pertencesses mesmo a este mundo.